quinta-feira, 16 de julho de 2009

"Perdoa-nos Senhor quando por medo ou comodismo ficamos calados diante da violência, da impunidade... Da morte!"


Tem situações que deixam até o mais cheio de esperança descrente, o mais otimista baixar os olhos sem consolação e perder a vontade de acreditar que o próximo dia será melhor, faz de do cético acreditar que tudo aquilo que ele nunca acreditou realmente jamais existiu e jamais existirá...

Hoje vivenciamos um drama igual ou pior que a ditadura, estamos presos sem grade, somos omissos por opção e vamos acabar brutalmente massacrados pelos grilhões da violência e é triste assumir que parte dessa culpa está em mim, que me acho tão segura na minha prisão particular, que tomo decisões apolíticas, porque, esses assuntos de Brasil é saco... He! Realmente é um saco sim, mas é um saco até essa violência bater em sua porta e você ver seu vizinho, seu amigo, seu irmão ser arrancado do seio da família de forma abrupta sem ter a chance de se despedir dos seus, neste momento nos damos conta quão negligentes fomos, quantas vezes preferimos calar diante de atos terroristas, preferimos nos preocupar com terror na Europa e não lembramos de que um dos lugares onde o terrorismo age livremente e todos aceitam com naturalidade é aqui e está do seu lado e Deus queira que você e nem um de seus familiares sejam a próxima vítima e que volte para casa depois de um dia de trabalho cansado, estressado, mal- humorado, porém volte.
Infelizmente, minha família perdeu um jovem, é, um jovem! Mas um jovem que não era igual a mim ou você, um jovem que lutou para salvar outros jovens, (esses sim jovens iguais a mim e a você), porém esses que lutam que bradam suas idéias e melhoram o mundo por seus atos, que deixam qualquer lugar por onde passam melhor, essas pessoas incomodam, afetam o bolso dos grandes gestores da violência brasileira e são sumariamente exterminados.
Como calar diante da dor de uma família, que cedeu um ente querido ao mundo para disseminar a palavra de Deus, um mensageiro da Boa Nova, um jovem que batalhou na luta contra o narcotráfico (narcotráfico esse que tem feito muitas famílias deixar de serem famílias), que doou mais que seu tempo, mais que suas palavras e seu trabalho, um jovem que ensinou outras pessoas a amar e a perdoar, que ensinou outras tantas a acreditar que podem ser melhores e que por mais traiçoeira que seja a estrada ensinou que devemos acreditar e ter fé que venceremos um jovem que com 31 anos assim como Cristo perdeu a vida por ter salvado muitas vidas.
O motivo deste texto... Ao conversar com minha bisavó, (que, aliás, sempre acrescenta a essa que vos escreve bons motivos para continuar a ter fé e esperança), e ver seus olhos mareados e cheios de saudade e dor, porém repletos de compaixão, me alertou; Nós podemos sentir saudades, ficar irritados com a forma como somos tratados pelas milícias ou polícia e o descaso da justiça, mas não vamos deixar a voz do Pe. Gisley calar e vamos agora propagar seu legado e cuidar dos que ficaram.
Vamos erguer nossa voz, e não nos deixar reprimir, lutar contra a violência, para que outras famílias possam ter a graça de que no próximo encontro de família estejam todos presentes, pais, filhos, filhos dos filhos, netos dos filhos, filhos dos netos...

“CAMPANHA CONTRA O EXTERMÍNIO DE JOVENS”
“CAMPANHA CONTRA O EXTERMÍNIO DE VIDAS”

"Perdoa-nos Senhor, quando por medo ou comodismo ficamos calados diante da violência... Da morte!"


Bruna Clara