sábado, 18 de outubro de 2008

Eu, o Poço, o Menino e o Xadrez


Há quanto tempo não posto nada... Que saudade!!
Mas todo esse tempo em que estive observando a vida (minha e dos outros!), na verdade nem era observando, eu estava alheia ao mundo e o mundo alheio a mim, meio que um transe, nada de muito interessante acontecia a minha volta, nem um texto dinâmico captou minha atenção, nem um fato parece estar fora de ordem (mundo = aquecimento global, eleições nos EUA, crise financeira mundial, guerra, tudo igual no mundo; Brasil, eleições fracassadas (uma ressalva para o Gabeira no Rio de Janeiro uma 'bela' surpresa), violência, a polícia despreparada e absurdamente incopetente, tudo normal), mas eu pareço não querer mais tentar pensar numa forma lírica para descrever as desventuras dessa juventude transloucada (isso mesmo trans- LOUKADA) do Século XXI. Mas essa semana eu resolvi submergir do meu poço escuro e sem esperança (com a sociedade), pela lembrança simbólica de um menino que à algum tempo eu encontrei em ônibus (nada lotado), o gurizinho devia ter uns oito anos no máximo e eu havia acabado de comprar um jogo de xadrez de acrílico para a minha mãe (uma vez ou outra tem-se que presentear alguém que por um momento ou outro ganha sua admiração), o menino que estuda numa escola municipal (muito significativo?), negro (muito significativo?), provavelmente era de uma família de classe média baixa (muito significativo?), demonstrou uma maturidade e uma habilidade verbal formidável... Principalmente quando assunto era xadrez, que capacidade de raciocínio lógico para uma criança de oito anos... E essa semana ao sair do meu poço eu lembrei de uma promessa que nós dois firmamos: de um dia nos encontrar para jogar uma 'partidinha' de xadrez... E mais que isso, trouxe para minha alma um pouco de colorido abrindo uma porta censurada para a esperança... Para o futuro, será realmente impossível acabar com as mazelas do Brasil e com as próprias precariedades de nossas vidinhas medíocres? Será que esse jogo não será tão lógico quanto um partida de xadrez?

... Será que eu esse gurizinho, vamos ter a oportunidade de nos encontrarmos para cumprir nossa promessa?? O futuro a Deus pertence... Mas isso não significa que temos que cruzar os braços e deixar a vida nos levar...

XE.QUE.MA.TE

Bubu....

2 comentários:

Padu Prado disse...

Quando vc me disse q escreveria algo sobre xadrez nao imaginava a grandeza desse texto!
Muito sentimental e verdadeiro!
Adorei!
Amo bubu!
bjos

º.::calebitto::.º disse...

Não. A resposta é não.

De fato, esse jogo que vivemos nessa realidade ultrajante, nunca será guiada pela lógica de uma partida de xadrez. Memorável.

Acredito que seu texto, sem dúvida, foi o que mais me tocou em semanas. Consigo até imaginar essa cena. Te invejei. Porque em dias tão deturpados [como os atuais], é difícil vivenciar algo que mostre o lado humano, essas coisas que estão quase extintas. Que ironia, não?

Belíssimo seu texto. Adorei.

Forte abraço. ^^